segunda-feira, julho 26, 2010

Jamaica - Kingston e uma jornada

Depois de 4 dias em casa devido a uma gripe que derrubou filhote e a vivente que vos escreve, volto a programação normal. Abaixo a continuação da saga:


Acordamos e fomos direto tomar café da manhã. O buffet completo unia o café tradicional de hotel + café tipicamente jamaicano e não custava nada barato, mas não poderia perder a chance de comer banana verde frita, bacon em tiras crocantes e o famoso Ackee com peixe. Esse último tem a aparência de ovos mexidos, mas o gosto é algo difícil de explicar, o mais perto que eu consigo é uma mistura de ovas de peixe com ovo cozido. Ackee é uma fruta local que só pode ser consumida após cozida, pois crua é venenosa. Lembra em aparência, no seu estado natural, uma mistura de guaraná com caju. Definitivamente algo para se experimentar uma vez e só. Se eu soubesse que a partir daquele dia meu café da manhã seria totalmente jamaicano, teria aproveitado mais os queijos e menos a comida exótica.



Como ainda estava me adaptando ao calor, decidimos não fazer nenhum passeio fora da cidade. Ainda mais que resolvemos trocar de hotel. Caminhamos até o Pegasus Hotel , acertamos a estadia e a tarifa (muito mais econômica e com bônus por permanência ) e fomos dar check out do Hilton.

Almoçamos com alguns colegas brasileiros em um tradicional ponto turístico da cidade a Devon House, que eu voltaria a conhecer melhor dois dias depois. Basicamente era um buffet (não livre) com pouca variedade e já bem velho, com peixe ou frango e uma opção de salada. Preciso dizer que fiquei desapontada? Para compensar provamos o sorvete intitulado o melhor do país. O “I Scream” (eu grito) trocadilho bem sacado de Ice Cream (sorvete) , apresenta um sorvete bem cremoso, que não surpreende tanto quanto se espera no quesito sabores exóticos, mas que realmente é muito delicioso. O local estava tão lotado que foi impossível tirar fotos lá dentro.
Como o calor era intenso e os rapazes tinham que trabalhar no dia seguinte, voltamos para o hotel. Passamos o resto do dia planejando os próximos finais de semana, já que nos outros dias eu iria ficar sozinha.

Como eu não havia contratado nenhum pacote turístico e não estava no lado “A” da ilha, fui em busca de algumas idéias para conhecer um pouco de Kingston. Basicamente descobri que não poderia andar sozinha pelas ruas. Sim, infelizmente a ilha do Bob é machista (muito) e perigosa (em alguns lugares) para as mulheres. Conforme a própria agente de turismo do hotel informou, Kingston tem altos índices de estupros de mulheres. Claro que isso foi um balde de água fria, e não me restaram muitas opções senão contratar o serviço de taxi/van oferecido pela operadora a módicos U$ 70,00 por dia. Estabelecemos quais locais eu gostaria de visitar e agendamos para a manhã seguinte o primeiro passeio.

Animada por não ficar presa no hotel fui tomar meu café. Todo preparado a beira da piscina, pareceria o paraíso não fosse o calor intenso e o cheiro inconfundível de peixe as 8:30 da manhã. Sim. Peixe. E foi assim nas semanas que se seguiram. O buffet era voltado para executivos locais, portanto servia o café da manhã típico da região: acke com peixe, bolinho frito, peixe a escabeche, bacon (muito bacon), omelete, variedades de pães doces, frutas, manteiga e geléias. Parece atrativo, não? Pois fique mais de dois dias sentindo o cheiro de peixe a primeira hora da manhã e se entupindo de omelete com bacon e o conceito de atrativo muda rapidinho. Confesso que amo uma diversidade, mas sinceramente, não no café da manhã. Eu quero queijo, eu quero presunto, eu quero manteguinha, eu quero um pãozinho francês. Eu quero um café com leite novinho. E definitivamente eu não quero sentir cheiro de peixe enquanto estou tentando por meus neurônios para trabalhar.


Já passava das 9:30 quando finalmente o motorista que iria fazer o tour comigo chegou. Combinamos de ir a algumas lojas de tecidos e crafts primeiro e depois fazer o Museu do Bob Marley e a Devon House. Claro que acabei ficando quase 2 horas comprando botões e tecidos. Saímos de lá e o motorista super atencioso foi me mostrando as ruas do centro da cidade (apesar de eu não ter pedido isso) o que me fez perder o encanto, pois parecia que eu estava andando pelas piores periferias das grandes cidades brasileiras. Paramos no centro de artesanato, que de acordo com meu “guia” possuía os mesmos souvenires dos pontos turísticos, porém com preços bem mais em conta. Preciso dizer que ele tava levando comissão, não? Ok. Como era quase na hora do almoço o local estava deserto, e por isso mesmo, fui alvo de insistentes convites para entrar em cada uma das barraquinhas. A maioria vendia produtos made in china com preços inflacionados, ou seja, nada do que eu estava procurando. O pouco que achei era de uma feiúra única, que acabei saindo dali apenas com algumas camisetas, imãs e canecas. Ou seja, tudo menos artesanato local.

Mais um role pelas ruas empobrecidas e fomos parar na Devon House. Como eu já havia conhecido o jardim e o restaurante alguns dias antes, e como já havia visto todo artesanato que não queria, fui fazer o tour pela grande mansão.



A Devon House pertenceu ao primeiro milionário negro da Jamaica, que conquistou sua fortuna em minas de ouro do Peru ou Colômbia. Não me recordo ao certo. Cercada por um jardim magnífico, por sinal todos os jardins de Kingston são belamente tratados, impossível passar por lá e não se encantar, a mansão hoje serve de museu abrigando algumas pinturas e móveis da época. O tour é feito por uma guia em trajes típicos que vai explicando a história da casa e de seus habitantes a medida que vamos passando cômodo a cômodo. Todo o passeio não leva mais do que 30 minutos. Nada de surpreendente ou imperdível.



Voltei para a van após tirar algumas fotos, pois ainda não estava com apetite para almoçar. Crente que estávamos indo para o Museu do Bob Marley nem me preocupei com o rolê parte 3 que o motorista estava fazendo. De repente começamos a nos aproximar do hotel, então perguntei a ele o que estávamos fazendo ali e ele prontamente: “terminamos o dia, amanhã continuamos”. E eu: “Mas ainda não vimos o Museu”. Ele: “ mas a senhora demorou nos tecidos e com isso ficamos sem tempo.” Para. Para que eu quero descer. Como assim? E os vinte rolês que eu não havia pedido e que tomaram um tempo enorme, não contavam? E que eu havia combinado com a guia por passeio e não por tempo. Não adiantou argumentar. Entrei no hotel muito, mas muito braba, pensando no dinheiro que eu havia perdido e decidida a não fazer mais nenhum passeio com eles. Procurei a guia que inventou “n” desculpas, inclusive que eu não havia entendido o que ela tinha dito, etc e tal. Propôs que incluíssemos no dia seguinte a ida ao museu, mas que todos os dias seriam com hora limitada. Agradeci e disse que iria pensar, mas já sabia que nunca mais faria nada com eles, afinal meu dinheiro não acho no lixo.
Os dias que se seguiram, fiquei mesmo é na piscina maravilhosa do Hotel. Maravilhosa por três motivos: enorme, profunda e com a temperatura tão perfeita que ao entrar nem se tinha aquele choque térmico normal de corpo quente/água fria.





Não, não fiquei só por lá. Também fui abençoada com os almoços e passeios proporcionados por uma agradável companhia inesperada: uma maranhense que há um ano e meio morava em Kingston com o marido. Claro que tivemos muitos assuntos em comum, inclusive conversar sobre minha viagem para o Maranhão. Confesso que se não fosse por ela, minha estadia na cidade teria sido bem monótona. Com ela é que acabei conhecendo o Jardim Botânico, a Universidade, a cidade do Jack Sparrow.. hehe, brincadeirinha, eu quis dizer Port Royal , entre outras coisas que vou contando mais para frente.